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História pra Contar: Sapo com medo d’água


Dois homens, fugidos da prisão, pararam na beira da lagoa para matar a sede e descansar um pouco.


Um sapo dormia debaixo da samambaia. Os bandidos agarraram o sapo.


– Olha que desengonçado! – disse um deles, apertando o bicho entre os dedos.


– É feio que dói! – completou o outro, com cara de nojo. E os dois resolveram fazer maldade.


– Vamos jogar no formigueiro?


Ouvindo isso, o sapo estremeceu. Por dentro. Por fora, abriu um sorriso indiferente.


– Que nada – respondeu o outro, percebendo que o sapo não estava nem ligando. – Pega a faca. Vamos picar ele todinho. O sapo, de olhos fechados, começou a assobiar uma linda melodia.


Os dois bandidos queriam dar um jeito de fazer o sapo sofrer.


– Sobe na árvore e atira ele lá do alto.


– Pega um fósforo e acende uma fogueira.


Vamos fazer churrasco de sapo!


O sapo espreguiçava-se tranqüilo entre os dedos do homem. Um dos bandidos teve outra idéia.


– Já sei! Vamos afogar o desgraçado na lagoa!


Foi quando o sapo deu um pulo desesperado começou a gritar:


– Tudo menos isso!


Os malfeitores, agora sim, tinham chegado onde queriam.


– Vai pra água, sim senhor!


– Não sei nadar! – berrava o sapo.


– Então, vai morrer engasgado!


O bicho esperneava:


– Socorro!


-Vai sufocar de tanto engolir água!


-Não


-Vai virar comida de jacaré !


– Tenho mulher e filhos pra cuidar!


– Joga bem longe!


– Me acudam!


– Lá vai!


O homem atirou o sapo no fundo da lagoa. O sol estava redondo.


O sapo – ploft – desapareceu no azul bonito das águas.


Depois voltou risonho, mostrou a língua e foi embora nadando e cantando e dançando e requebrando n’água, feliz da vida.

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